Séries de mapas com formatos múltiplos em QGIS 2.6 – Parte 2
No último artigo, tentei mostrar como usei o QGIS 2.6 para criar séries de mapas cuja orientação da folha se adaptasse à forma do elemento do atlas. Esse método é útil quando a escala final dos mapas não é relevante, ou quando os elementos usados no atlas têm uma dimensão muito semelhante, permitindo a adopção de uma escala única. No entanto, quando é necessário manter a mesma escala de impressão dos mapas e os elementos do atlas apresentam diferenças de extensão, é necessário alterar o tamanho da folha. Nesta segunda parte do artigo, tentarei mostrar como cheguei a uma solução para isso.
Como base usei o mapa criado na 1ª parte do artigo, do qual fiz um duplicado. Para exemplificar o método procurei criar uma série de mapas à escala 1:2.000.000. Uma vez que iria adaptar tanto a altura como a largura da folha aos elementos do atlas, não me precisava de preocupar com a orientação da folha em si e por isso comecei por desactivar as propriedades definidas por dados na opção orientação.
Fiz algumas contas usando a escala, as dimensões do elemento do atlas e as margens definidas anteriormente e e cheguei às seguintes expressões a usar na largura e altura da folha, respectivamente:
((bounds_width( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1 + 10
((bounds_height( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1 + 30
Passo a explicar. (bounds_width( $atlasgeometry ) / 2000000.0) é a largura do elemento do atlas representado à escala 1:2.000.000 em unidades do projecto (neste caso metros). Este resultado é multiplicado por 1000 para o converter em milímetros (unidade usada nas definições do compositor). Para que o elemento de atlas não ficasse resvés aos limites do mapa decidi dar 10% de margem em torno do mesmo, o que justifica a multiplicação por 1.1. E por fim adicionei a dimensão das margens do mapa que tinham sido definidas na 1ª parte do artigo (i.e., 20 mm, 5 mm, 10 mm, 5 mm).
Como se pode ver pela imagem anterior, após a introdução das expressões nas opções de largura e altura da folha, a sua dimensão já se alterava em função do tamanho do elemento de atlas. No entanto, como seria de esperar, os itens do mapa mantiveram-se teimosamente na mesma posição. Foi por isso necessário alterar as expressões definidas para a dimensão e posição de cada um deles.
Começado pelo tamanho do item de mapa, as expressões a usar na altura e largura não foram difíceis de perceber uma vez que seriam as dimensões da folha menos as margens:
((bounds_width( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1
((bounds_height( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1
Para posicionar correctamente os elementos, bastou substituir nas expressões das opções X e Y os “CASE WHEN … THEN … END” que determinavam o tamanho da largura ou altura da folha, pelas expressões descritas anteriormente. Por exemplo, as expressões usadas para a posição da legenda em X e Y:
(CASE WHEN bounds_width( $atlasgeometry ) >= bounds_height( $atlasgeometry) THEN 297 ELSE 210 END) - 7
(CASE WHEN bounds_width( $atlasgeometry ) >= bounds_height( $atlasgeometry) THEN 210 ELSE 297 END) - 12
Passaram a ser, respectivamente:
(((bounds_width( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1 + 10) - 7
(((bounds_height( $atlasgeometry ) / 2000000.0) * 1000.0) * 1.1 + 30) - 12
Alterando as expressões de posicionamento X e Y dos restantes itens do compositor cheguei à estrutura final.
Depois disso, a impressão/exportação de todos os (25) mapas ficou, mais uma vez, à distância de um só clique.
Uma vez que o QGIS permite exportar imagens do compositor georreferenciadas, adicionando-as ao QGIS obtive este resultado interessante.
Como se pode ver pelos resultados, através deste método, podemos obter mapas com formatos bastante estranhos. Por essa razão, na 3ª e última parte deste artigo, procurarei mostrar como criar uma série de mapas com escala fixa, mas usando formatos de folhas standard (A4, A3, A2, A1 e A0).